'A violência contra as mulheres é talvez a mais vergonhosa violação dos direitos humanos. Não conhece fronteiras geográficas, culturais ou de riqueza. Enquanto se mantiver, não poderemos afirmar que fizemos verdadeiros progressos em direcção à igualdade, ao desenvolvimento e à paz'.
Kofi Annan, ex-secretário Geral das Nações Unidas
O Gabinete de Apoio à Vítima (GAV) de Braga, localizado na Junta de Freguesia de S.Victor, já registou, este ano, 338 processos. A maioria diz respeito à prática de crimes contra mulheres.
Um número que acompanha a tendência de anos anteriores.
Em 2008, o GAV de Braga abriu 441 processos.
Oitenta e três por cento das vítimas eram do sexo feminino.
No dia em que se assinala a eliminação da violência contra a mulher, a realidade mostra que o problema está bem presente na sociedade portuguesa e no distrito de Braga.
Apesar das estatísticas de 2009 ainda não estarem disponíveis, a realidade dos números de 2008 deixam a nu um problema social grave.
Segundo dados do GAV referentes ao ano transacto, as vítimas de crime de violência no distrito de Braga inscreviam-se predominantemente num modelo familiar tradicional: a família nuclear com filhos (63, 6%).
A maioria das vítimas são, por isso, casadas (51,35%).
Contrariamente à vítima, os dados que permitem caracterizar o autor do crime evidenciam que a maioria deles foi praticado por indivíduos do sexo masculino (90,7%).
Quanto à idade, é entre os 18 e aos 55 anos (48%) que se situa a maior proporção dos autores do crime, com destaque para o grupo etário dos 36-35 anos (23,1%).
No que diz respeito ao estado civil, 56,6 por cento dos autores eram casados.
A relação mais comum existente entre o autor do crime e a sua vítima é a familiar. Em 49% das situações, o laço é do tipo conjugal (cônjugue/companheiro).
Os casos em que a relação entre o autor e vítima de crime ultrapassa a dimensão familiar são residuais.
Vinte e seis mulheres foram assassinadas este ano
Vinte e seis mulheres foram assassinadas desde o início do ano e 43 foram vítimas de tentativa de homicídio. A maioria foi morta pelos companheiros, maridos ou namorados, revelam dados do Observatório de Mulheres Assassinadas (UMAR).
Em 2008 tinham sido assassinadas 43 mulheres, o número mais alto desde 2004.
O número de mulheres assassinadas por aqueles que ainda eram companheiros, maridos e namorados constituem 64 por cento dos casos, sendo que 36 por cento foram vítimas dos parceiros de quem estavam já divorciadas ou separadas.
A maioria (52 por cento) das tentativas de homicídio foi igualmente praticada pelos maridos, companheiros, namorados, com quem a mulher ainda mantém relação de intimidade, enquanto 23 por cento dos casos foram cometidos por ex-maridos, ex-companheiros e ex-namorados.
Dos dados recolhidos até ao momento, não foram registadas mortes provocadas por outros membros do grupo familiar (filhos, pais e outros), ao contrário do que aconteceu em anos anteriores.
No entanto, nas tentativas de homicídio 20 por cento dos casos (nove) foram praticados por pais e filhos e cinco por cento por outros familiares.
A UMAR ressalva que, a exemplo do que aconteceu em anos anteriores, algumas destas situações podem vir a revelar-se fatais, na medida em que algumas vítimas não resistem aos ferimentos e acabam por morrer.
Terapêutica de grupo arranca em Janeiro
As mulheres da região Norte que são vítimas de violência doméstica têm oportunidade de participar, a partir de Janeiro de 2009, num projecto pioneiro promovido pela Comissão para Cidadania e Igualdade de Género (CIC) e executada pela Universidade do Minho (UM).
Os Grupos de Ajuda Mútua (GAM) consistem numa intervenção terapêutica em grupo, gratuita, destinado a mulheres que se encontrem actualmente em situação de violência conjugal, ou tenham saído da relação recentemente (nos últimos seis meses).
Marlene Matos, docente da UM e coordenadora do projecto, referiu ao ‘Correio do Minho’ que esta é uma nova modalidade ao nível das respostas de apoio às vítimas de violência na intimidade — já praticado em vários países — destinando-se não só às mulheres que são vítimas de violência por parte dos cônjugues ou companheiros, como também dos namorados.
Através desta nova terapêutica pretende-se reduzir o isolamento social das vítimas, validar a sua experiência, proporcionar encorajamento e suportes, identificar problema comuns e partilhar estratégias de resolução de problemas.
“Pretende-se que estas mulheres desenvolvam competências que lhes permitam tomar decisões, resolver problemas”, prossegue Madalena Matos.
Dinamizados por dois psicólogos da UM e da CIG, cada grupo vai ter sessões semanais, que terão a duração de dois meses.
Depois dos dois meses, o objectivo é que as próprias mulheres formem uma plataforma espontânea de ajuda mútua e dinamizem outros grupos comunitários.
A coordenadora do projecto adiantou que se pretende também investir na qualificação de técnicos para que o projecto Grupos de Ajuda Mútua prolifere pelo país.
Quem quiser participar nestes grupos de Ajuda Mútua pode fazer a sua inscrição através dos seguintes contactos: 22 207 4360 ou do e-mail gam-uminho.cig@gmail.com.
‘Maltrato Zero’ arranca hoje
É lançada hoje uma campanha de sensibilização contra a violência nas mulheres com o objectivo de alertar as sociedades para a necessidade de denunciar esta situação, segundo a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.
A campanha ‘Maltrato Zero’, que decorre em simultâneo nos 22 países ibero-americanos e em Portugal, é lançada quando se assinala o Dia Internacional para a Eliminação de Todas as Formas de Violência Contra as Mulheres.
'A campanha está a ser divulgada nos 22 países ibero-americanos. Há uma base global da campanha e cada país adapta-a atendendo à sua especificidade', disse à agência Lusa o vice-presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), Manuel Albano.
A 'grande mensagem' da campanha é alertar as pessoas para que denunciem situações de violência contra as mulheres, no sentido de ajudar a combater esta realidade, adiantou Manuel Albano.
Segundo a CIG, pela primeira vez os 22 países ibero-americanos surgem a 'uma só voz para consciencializar as sociedades de que a violência contra a mulher é um problema social, que não pode ficar oculto na esfera do privado'.
A CIG destaca que a campanha tem por 'objectivo unir toda a sociedade ibero-americana, em especial a juventude, para se comprometer contra a desigualdade e contra a violência de género' através do movimento social 'Maltrato Zero'.
http://www.correiodominho.com/noticias.php?id=18453
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Combate à Violência contra a Mulher NO PIAUÍ
25/11/09, 11:27
Entidades lembram Dia de Combate à Violência contra a Mulher
Cerca de dois milhões de mulheres são espancadas a cada ano no Brasil.
Hoje é o Dia Mundial de Combate à Violência contra a Mulher. E para lembrar esta data, entidades feministas farão várias atividades, numa programação que começa hoje e se estende até o domingo, dia 29/11.
Para Marinalva Santana, do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, "essas atividades são importantes para mostrar que a violência contra a mulher é um problema de toda sociedade brasileira e não somente das vitimas que vivenciam esta situação. Silenciar frente a esse tipo de violência é favorecer a impunidade, o que é inadmissível para uma sociedade que se pretende solidária e respeitadora da Dignidade Humana".
Segundo pesquisa da Fundação Perseu Abramo aproximadamente mais de 2 milhões de mulheres são espancadas a cada ano no Brasil. Por trás destes números esconde-se a história de mulheres concretas que tem suas vidas submetidas a um cotidiano de terror, insegurança, silenciamento, privação de sua dignidade humana e desespero de como reagir frente a esta escalada de violência.
Segundo pesquisa da Fundação Perseu Abramo aproximadamente mais de 2 milhões de mulheres são espancadas a cada ano no Brasil. Por trás destes números esconde-se a história de mulheres concretas que tem suas vidas submetidas a um cotidiano de terror, insegurança, silenciamento, privação de sua dignidade humana e desespero de como reagir frente a esta escalada de violência.
Para Lúcia Quitéria, integrante de Católicas pelo Direito de Decidir, a violência contra a mulher é algo reprovável e que, por isso, a sociedade e o Poder Público não podem contemporizar com ela. "Se o Estado se omite frente à violência também patrocina outra forma de violência contra a mulher, a institucional, que, infelizmente, legitima as outras praticadas no âmbito doméstico", finaliza a ativista.
PROGRAMAÇÃO:
25 de novembro19h - Panfletagem e ato no Espaço Cultural Boca da Noite - realização: Católicas pelo Direito de Decidir e Liga Brasileira de Lésbicas
19h - Exibição do Filme Documentário "Maria do Brasil - CSU do Poty Velho - realização: União das Mulheres Piauienses
26 de novembro
Panfletagem em praças - realização: Católicas pelo Direito de Decidir e Liga Brasileira de Lésbicas
29 de novembro
7h - Passeio Ciclístico (saída da Pça. da BAndeira - Chegada na Pça do Poty Velho - realização: União das Mulheres Piauienses
7h - Passeio Ciclístico (saída da Pça. da BAndeira - Chegada na Pça do Poty Velho - realização: União das Mulheres Piauienses
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
ACONTECE NO MARANHÃO
ELIZIANE LAMENTA CASOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
A vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, deputada Eliziane Gama (PPS) ocupou a tribuna na manhã desta terça-feira (3) para lamentar o volume de casos de violência contra mulher no Estado do Maranhão.
A parlamentar aproveitou para informar que no próximo dia 09 de dezembro será realizada na Assembleia Legislativa uma Sessão Especial sobre os “16 Anos de Ativismo de Combate a Violência Domestica contra a Mulher”.
“Estaremos tratando das ações que são desenvolvidas durante os três dias do ativismo pelo fim da violência contra a mulher. Temos hoje no Brasil a lei Maria da Penha com o objetivo de coibir a violência dentro do seu convívio familiar e que pune quem comete esses crimes contra as nossas mulheres”, ressaltou a dep. Eliziane Gama.
Dados apontam que só no mês de setembro 30 mulheres foram assassinadas, os últimos casos divulgados foram de três mulheres assassinadas pelos próprios companheiros. Segundo a parlamentar, muitas vezes a morte acontece porque mulher tem medo de denunciar.
“Nos próximos dias nós teremos, portanto aí uma campanha que reúne vários segmentos da Sociedade Civil Organizada no aspecto mulher, Governo do Estado, Prefeitura Municipal de São Luís e, várias outras entidades que estarão trabalhando em relação à questão do combate a violência contra a mulher”, frisou
http://www.papodecidadao.com.br/?p=1298
A vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, deputada Eliziane Gama (PPS) ocupou a tribuna na manhã desta terça-feira (3) para lamentar o volume de casos de violência contra mulher no Estado do Maranhão.
A parlamentar aproveitou para informar que no próximo dia 09 de dezembro será realizada na Assembleia Legislativa uma Sessão Especial sobre os “16 Anos de Ativismo de Combate a Violência Domestica contra a Mulher”.
“Estaremos tratando das ações que são desenvolvidas durante os três dias do ativismo pelo fim da violência contra a mulher. Temos hoje no Brasil a lei Maria da Penha com o objetivo de coibir a violência dentro do seu convívio familiar e que pune quem comete esses crimes contra as nossas mulheres”, ressaltou a dep. Eliziane Gama.
Dados apontam que só no mês de setembro 30 mulheres foram assassinadas, os últimos casos divulgados foram de três mulheres assassinadas pelos próprios companheiros. Segundo a parlamentar, muitas vezes a morte acontece porque mulher tem medo de denunciar.
“Nos próximos dias nós teremos, portanto aí uma campanha que reúne vários segmentos da Sociedade Civil Organizada no aspecto mulher, Governo do Estado, Prefeitura Municipal de São Luís e, várias outras entidades que estarão trabalhando em relação à questão do combate a violência contra a mulher”, frisou
http://www.papodecidadao.com.br/?p=1298
ACONTECE EM SALVADOR
4 de Novembro de 2009 - 11h12
O caso anterior ao de Joice foi o da adolescente Estefane Barbosa Rodrigues, 16, estrangulada pelo ex-namorado Renato Santos, 25, na residência da jovem, no bairro de Dom Avelar, na terça-feira da semana passada. Os dois assassinatos foram de mulheres vítimas de homens inconformados com o fim dos relacionamentos.
Triste estatística
Os assassinatos das duas jovens ganharam as manchetes dos principais jornais da cidade, mas infelizmente fazem parte de uma triste estatística da violência doméstica em Salvador. Só entre janeiro a junho, 1.486 mulheres prestaram queixa na Deam, após sofrerem agressão com lesão corporal. Isto mostra que oito mulheres são agredidas por dia na capital baiana, um percentual que pode ser ainda maior, já que muitas vítimas não denunciam as agressões por vergonha ou medo de represálias.
No mesmo período, 1.790 mulheres foram à delegacia para registrar ocorrência depois de ameaças e agressões morais como calúnia, injúria e difamação. O aumento da denúncia já no primeiro momento da agressão é reflexo da Lei Maria da Penha, que entrou em vigor em 2006 e tornou a punição à violência doméstica mais rigorosa. Antes, muitas situações de agressões eram resolvidas com pagamento de cestas básicas. Isso banalizava o processo, mas agora as mulheres têm respaldo na lei e uma agressão com lesões corporais leves é passível de pena entre três meses e três anos de prisão.
O aumento da punição, determinada pela Lei Maria da Penha, inibe a continuidade da violência, mas ainda não conseguiu diminuir a incidência das agressões e assassinatos, como os das jovens mortas na última semana em Salvador.
De Salvador,
Eliane Costa
http://www.vermelho.org.br/ba/noticia.php?id_noticia=118705&id_secao=58
BA: Violência contra a mulher estampa jornais de Salvador
O assassinato de duas mulheres pelos ex-companheiros, em menos de 72 horas, chocou a população de Salvador no último final de semana. Joice Queli Santos, 21 anos, e Estefane Barbosa Rodrigues, 16, foram mortas porque se recusaram a reatar relacionamentos marcados por agressões. As mortes aumentaram a estatística da violência contra a mulher na capital baiana, que aponta sete mortes semelhantes desde o início de 2009.
A vítima mais recente, Joice Queli, foi assassinada na quinta-feira (30/10), após ser perseguida por três meses pelo ex-companheiro Leonardo dos Santos, ter mudado de casa e prestado queixa contra o agressor na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam). O desfecho para a história não poderia ser pior, pois Leonardo matou a ex-mulher com três tiros na cabeça e se suicidou, na frente da filha do casal de apenas 2 anos, da mãe e da avó da vítima.O caso anterior ao de Joice foi o da adolescente Estefane Barbosa Rodrigues, 16, estrangulada pelo ex-namorado Renato Santos, 25, na residência da jovem, no bairro de Dom Avelar, na terça-feira da semana passada. Os dois assassinatos foram de mulheres vítimas de homens inconformados com o fim dos relacionamentos.
Triste estatística
Os assassinatos das duas jovens ganharam as manchetes dos principais jornais da cidade, mas infelizmente fazem parte de uma triste estatística da violência doméstica em Salvador. Só entre janeiro a junho, 1.486 mulheres prestaram queixa na Deam, após sofrerem agressão com lesão corporal. Isto mostra que oito mulheres são agredidas por dia na capital baiana, um percentual que pode ser ainda maior, já que muitas vítimas não denunciam as agressões por vergonha ou medo de represálias.
No mesmo período, 1.790 mulheres foram à delegacia para registrar ocorrência depois de ameaças e agressões morais como calúnia, injúria e difamação. O aumento da denúncia já no primeiro momento da agressão é reflexo da Lei Maria da Penha, que entrou em vigor em 2006 e tornou a punição à violência doméstica mais rigorosa. Antes, muitas situações de agressões eram resolvidas com pagamento de cestas básicas. Isso banalizava o processo, mas agora as mulheres têm respaldo na lei e uma agressão com lesões corporais leves é passível de pena entre três meses e três anos de prisão.
O aumento da punição, determinada pela Lei Maria da Penha, inibe a continuidade da violência, mas ainda não conseguiu diminuir a incidência das agressões e assassinatos, como os das jovens mortas na última semana em Salvador.
De Salvador,
Eliane Costa
http://www.vermelho.org.br/ba/noticia.php?id_noticia=118705&id_secao=58
domingo, 1 de novembro de 2009
'As mulheres não devem ser julgadas pelos centímetros de suas saias'
01 Novembro 2009
'As mulheres não devem ser julgadas pelos centímetros de suas saias'
Artigo da leitora Caroline Dias Pinheiro
Manifesto minha indignação sobre o incidente ocorrido em universidade de São Bernardo do Campo, em que uma estudante foi barbaramente hostilizada e humilhada devido ao fato de ter ido à aula usando uma roupa considerada curta. A questão não é se a roupa da jovem era ou não curta, estava ou não adequada, mas o desrespeito, a intolerância e o preconceito contra a mulher.
Vigora uma mentalidade de que se a mulher não se enquadra em "padrões" de comportamento, é direito do homem e da sociedade "puni-la", ou seja, humilhá-la e em casos extremos, agredi-la. Casos como este nos lembram vítimas de estupro que são consideradas "culpadas" pela violência que sofreram. O argumento é sempre que a mulher de alguma forma provocou a agressão sofrida, por ter agido de forma "imprópria".
Costumamos nos revoltar ao lembrarmos o tratamento desumano dado às mulheres em países islâmicos, em que elas sofrem sanções e punições, todas fundamentadas por uma mentalidade de que é correto punir mulheres que não se enquadram nos padrões e regras sociais. Foi justamente desta forma que agiram os estudantes do ABC paulista. Julgaram e puniram, humilhando, xingando e expondo ao ridículo uma mulher a qual, independente da roupa que estava vestindo, é um ser humano, uma cidadã, uma mulher, que tem direitos iguais a qualquer pessoa.
Os atos selvagens que foram presenciados na universidade envergonham a todas as mulheres, pois demonstram o quanto ainda precisamos lutar para termos nossa dignidade respeitada, em uma país onde a roupa, o comportamento ou qualquer coisa do gênero são usadas como justificativas para a misoginia, a violência e a intolerância. Também me sinto muito envergonhada pelas muitas estudantes, mulheres, que presenciaram a cena e foram favoráveis ao comportamento dos agressores. Elas próprias acreditam que é de direito molestar outra mulher.
Em pleno século XXI ainda precisamos lutar para sermos respeitadas e há muito pelo que lutar. Não sabemos como ficará a vida de uma cidadã que estuda, cumpre com suas obrigações, depois de ter sua imagem ridicularizada e exposta para o país e para o mundo via internet. Diariamente, mulheres sofrem agressões físicas, assédio sexual, moral e outras formas de violência. Precisamos trabalhar para que isso não aconteça mais, para que as mulheres sejam respeitadas, e não julgadas pelos centímetros de suas saias.
Fonte
Manifesto minha indignação sobre o incidente ocorrido em universidade de São Bernardo do Campo, em que uma estudante foi barbaramente hostilizada e humilhada devido ao fato de ter ido à aula usando uma roupa considerada curta. A questão não é se a roupa da jovem era ou não curta, estava ou não adequada, mas o desrespeito, a intolerância e o preconceito contra a mulher.
Vigora uma mentalidade de que se a mulher não se enquadra em "padrões" de comportamento, é direito do homem e da sociedade "puni-la", ou seja, humilhá-la e em casos extremos, agredi-la. Casos como este nos lembram vítimas de estupro que são consideradas "culpadas" pela violência que sofreram. O argumento é sempre que a mulher de alguma forma provocou a agressão sofrida, por ter agido de forma "imprópria".
Costumamos nos revoltar ao lembrarmos o tratamento desumano dado às mulheres em países islâmicos, em que elas sofrem sanções e punições, todas fundamentadas por uma mentalidade de que é correto punir mulheres que não se enquadram nos padrões e regras sociais. Foi justamente desta forma que agiram os estudantes do ABC paulista. Julgaram e puniram, humilhando, xingando e expondo ao ridículo uma mulher a qual, independente da roupa que estava vestindo, é um ser humano, uma cidadã, uma mulher, que tem direitos iguais a qualquer pessoa.
Os atos selvagens que foram presenciados na universidade envergonham a todas as mulheres, pois demonstram o quanto ainda precisamos lutar para termos nossa dignidade respeitada, em uma país onde a roupa, o comportamento ou qualquer coisa do gênero são usadas como justificativas para a misoginia, a violência e a intolerância. Também me sinto muito envergonhada pelas muitas estudantes, mulheres, que presenciaram a cena e foram favoráveis ao comportamento dos agressores. Elas próprias acreditam que é de direito molestar outra mulher.
Em pleno século XXI ainda precisamos lutar para sermos respeitadas e há muito pelo que lutar. Não sabemos como ficará a vida de uma cidadã que estuda, cumpre com suas obrigações, depois de ter sua imagem ridicularizada e exposta para o país e para o mundo via internet. Diariamente, mulheres sofrem agressões físicas, assédio sexual, moral e outras formas de violência. Precisamos trabalhar para que isso não aconteça mais, para que as mulheres sejam respeitadas, e não julgadas pelos centímetros de suas saias.
Fonte
Postado por Glória Leite às 09:47
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