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A CULPA É DA MULHER ?

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

problema social grave

'A violência contra as mulheres é talvez a mais vergonhosa violação dos direitos humanos. Não conhece fronteiras geográficas, culturais ou de riqueza. Enquanto se mantiver, não poderemos afirmar que fizemos verdadeiros progressos em direcção à igualdade, ao desenvolvimento e à paz'.

Kofi Annan, ex-secretário Geral das Nações Unidas


O Gabinete de Apoio à Vítima (GAV) de Braga, localizado na Junta de Freguesia de S.Victor, já registou, este ano, 338 processos. A maioria diz respeito à prática de crimes contra mulheres.
Um número que acompanha a tendência de anos anteriores.
Em 2008, o GAV de Braga abriu 441 processos.
Oitenta e três por cento das vítimas eram do sexo feminino.

No dia em que se assinala a eliminação da violência contra a mulher, a realidade mostra que o problema está bem presente na sociedade portuguesa e no distrito de Braga.
Apesar das estatísticas de 2009 ainda não estarem disponíveis, a realidade dos números de 2008 deixam a nu um problema social grave.

Segundo dados do GAV referentes ao ano transacto, as vítimas de crime de violência no distrito de Braga inscreviam-se predominantemente num modelo familiar tradicional: a família nuclear com filhos (63, 6%).
A maioria das vítimas são, por isso, casadas (51,35%).

Contrariamente à vítima, os dados que permitem caracterizar o autor do crime evidenciam que a maioria deles foi praticado por indivíduos do sexo masculino (90,7%).
Quanto à idade, é entre os 18 e aos 55 anos (48%) que se situa a maior proporção dos autores do crime, com destaque para o grupo etário dos 36-35 anos (23,1%).

No que diz respeito ao estado civil, 56,6 por cento dos autores eram casados.
A relação mais comum existente entre o autor do crime e a sua vítima é a familiar. Em 49% das situações, o laço é do tipo conjugal (cônjugue/companheiro).
Os casos em que a relação entre o autor e vítima de crime ultrapassa a dimensão familiar são residuais.

Vinte e seis mulheres foram assassinadas este ano

Vinte e seis mulheres foram assassinadas desde o início do ano e 43 foram vítimas de tentativa de homicídio. A maioria foi morta pelos companheiros, maridos ou namorados, revelam dados do Observatório de Mulheres Assassinadas (UMAR).

Em 2008 tinham sido assassinadas 43 mulheres, o número mais alto desde 2004.
O número de mulheres assassinadas por aqueles que ainda eram companheiros, maridos e namorados constituem 64 por cento dos casos, sendo que 36 por cento foram vítimas dos parceiros de quem estavam já divorciadas ou separadas.

A maioria (52 por cento) das tentativas de homicídio foi igualmente praticada pelos maridos, companheiros, namorados, com quem a mulher ainda mantém relação de intimidade, enquanto 23 por cento dos casos foram cometidos por ex-maridos, ex-companheiros e ex-namorados.
Dos dados recolhidos até ao momento, não foram registadas mortes provocadas por outros membros do grupo familiar (filhos, pais e outros), ao contrário do que aconteceu em anos anteriores.

No entanto, nas tentativas de homicídio 20 por cento dos casos (nove) foram praticados por pais e filhos e cinco por cento por outros familiares.
A UMAR ressalva que, a exemplo do que aconteceu em anos anteriores, algumas destas situações podem vir a revelar-se fatais, na medida em que algumas vítimas não resistem aos ferimentos e acabam por morrer.

Terapêutica de grupo arranca em Janeiro

As mulheres da região Norte que são vítimas de violência doméstica têm oportunidade de participar, a partir de Janeiro de 2009, num projecto pioneiro promovido pela Comissão para Cidadania e Igualdade de Género (CIC) e executada pela Universidade do Minho (UM).
Os Grupos de Ajuda Mútua (GAM) consistem numa intervenção terapêutica em grupo, gratuita, destinado a mulheres que se encontrem actualmente em situação de violência conjugal, ou tenham saído da relação recentemente (nos últimos seis meses).

Marlene Matos, docente da UM e coordenadora do projecto, referiu ao ‘Correio do Minho’ que esta é uma nova modalidade ao nível das respostas de apoio às vítimas de violência na intimidade — já praticado em vários países — destinando-se não só às mulheres que são vítimas de violência por parte dos cônjugues ou companheiros, como também dos namorados.

Através desta nova terapêutica pretende-se reduzir o isolamento social das vítimas, validar a sua experiência, proporcionar encorajamento e suportes, identificar problema comuns e partilhar estratégias de resolução de problemas.
“Pretende-se que estas mulheres desenvolvam competências que lhes permitam tomar decisões, resolver problemas”, prossegue Madalena Matos.

Dinamizados por dois psicólogos da UM e da CIG, cada grupo vai ter sessões semanais, que terão a duração de dois meses.
Depois dos dois meses, o objectivo é que as próprias mulheres formem uma plataforma espontânea de ajuda mútua e dinamizem outros grupos comunitários.
A coordenadora do projecto adiantou que se pretende também investir na qualificação de técnicos para que o projecto Grupos de Ajuda Mútua prolifere pelo país.
Quem quiser participar nestes grupos de Ajuda Mútua pode fazer a sua inscrição através dos seguintes contactos: 22 207 4360 ou do e-mail gam-uminho.cig@gmail.com.

‘Maltrato Zero’ arranca hoje

É lançada hoje uma campanha de sensibilização contra a violência nas mulheres com o objectivo de alertar as sociedades para a necessidade de denunciar esta situação, segundo a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.
A campanha ‘Maltrato Zero’, que decorre em simultâneo nos 22 países ibero-americanos e em Portugal, é lançada quando se assinala o Dia Internacional para a Eliminação de Todas as Formas de Violência Contra as Mulheres.

'A campanha está a ser divulgada nos 22 países ibero-americanos. Há uma base global da campanha e cada país adapta-a atendendo à sua especificidade', disse à agência Lusa o vice-presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), Manuel Albano.
A 'grande mensagem' da campanha é alertar as pessoas para que denunciem situações de violência contra as mulheres, no sentido de ajudar a combater esta realidade, adiantou Manuel Albano.

Segundo a CIG, pela primeira vez os 22 países ibero-americanos surgem a 'uma só voz para consciencializar as sociedades de que a violência contra a mulher é um problema social, que não pode ficar oculto na esfera do privado'.
A CIG destaca que a campanha tem por 'objectivo unir toda a sociedade ibero-americana, em especial a juventude, para se comprometer contra a desigualdade e contra a violência de género' através do movimento social 'Maltrato Zero'.

http://www.correiodominho.com/noticias.php?id=18453

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